Feito com carinho
No entanto, a ausência de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, chamou atenção. Ele era esperado, mas foi dispensado pela defesa de Anderson Torres, outro investigado no caso. Para quem acompanha os bastidores de Brasília, isso soou estranho. Por que justamente um dos maiores aliados de Bolsonaro ficou de fora?
E tem mais. Muito mais.
Na semana anterior, dois depoimentos mudaram o tom do processo: os dos então comandantes do Exército e da Marinha. Ambos afirmaram que houve, sim, conversas com Bolsonaro e com o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, sobre uma possível minuta de golpe — um documento que previa medidas extremas, como decretar estado de sítio.
Ou seja, temos dois mundos paralelos. De um lado, aliados dizendo que nada aconteceu. Do outro, militares de alta patente afirmando o contrário.
No meio disso tudo, Bolsonaro permanece calado. Ainda não depôs formalmente. E seu silêncio começa a pesar. Na política, muitas vezes, não dizer nada é dizer muito.
O que vem por aí
A Procuradoria-Geral da República já denunciou Bolsonaro e outros 33 nomes, alegando que havia uma organização criminosa atuando para impedir a posse de Lula. Entre os acusados, civis e militares — incluindo o general Braga Netto, seu candidato a vice.
O Brasil agora assiste ao desenrolar desse enredo com olhos atentos. O clima é de espera tensa. Novos depoimentos devem ser colhidos nas próximas semanas, incluindo o de Anderson Torres, figura-chave no suposto plano.
Por enquanto, a pergunta continua ecoando como um sussurro desconfortável: havia um golpe em curso?
O Supremo ainda não respondeu. Mas o tempo, esse juiz que não aceita habeas corpus, vai dar seu veredito. E quando ele vier, o país já não será mais o mesmo.
Comentários estão fechados.