Feito com carinho
Comunicamos a m0rte de querido JORNALISTA, notícia pega todos de surp… Ler mais
Uma mente crítica e inquieta
Mino Carta nunca se contentou com o óbvio. Seu estilo editorial era marcado por uma busca incessante pela verdade factual, pela crítica aos abusos de poder e pela defesa intransigente da democracia. Durante o regime militar, suas publicações foram alvos de censura e perseguição, mas ele manteve firme sua postura contestadora.
A criação da CartaCapital, em 1994, foi talvez sua obra mais pessoal. A revista tornou-se referência por sua linha editorial independente, progressista e profundamente analítica. Mino acreditava que o jornalismo deveria fiscalizar os poderosos, não bajulá-los. E foi com essa convicção que formou gerações de jornalistas e leitores atentos ao cenário político e social do país.
Repercussão nacional e homenagens
A morte de Mino Carta gerou comoção entre políticos, jornalistas e intelectuais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou luto oficial de três dias e afirmou que o Brasil perdeu “seu melhor jornalista”. Em nota oficial, Lula destacou que Mino foi fundamental na construção de uma imprensa livre e na consolidação da democracia brasileira.
O vice-presidente Geraldo Alckmin também prestou homenagem, ressaltando o papel de Mino na criação de veículos que deram voz à crítica e à diversidade de pensamento. Nas redes sociais, jornalistas renomados compartilharam lembranças e trechos de textos marcantes, reconhecendo o impacto duradouro de sua obra.
Muito além das redações
Além de sua atuação como editor, Mino Carta também se dedicou à literatura. Publicou romances como Castelo de Âmbar, A Sombra do Silêncio e A Vida de Mat, obras que misturam memórias pessoais, reflexões filosóficas e críticas sociais. Seu estilo literário, assim como o jornalístico, era sofisticado, provocador e profundamente humano.
Mesmo nos últimos anos, quando já demonstrava desencanto com os rumos da política e da tecnologia, Mino manteve sua lucidez crítica. Costumava dizer que “a imprensa está escravizada pelas novas mídias”, uma frase que resume sua preocupação com a superficialidade e a velocidade que ameaçam o jornalismo de profundidade.
Um legado que transcende gerações
A partida de Mino Carta deixa um vazio difícil de preencher. Sua trajetória é um testemunho de coragem, inteligência e inconformismo. Mais do que fundador de revistas, ele foi um arquiteto da consciência crítica brasileira. Seu legado permanece vivo nas redações que resistem à homogeneização, nos textos que desafiam o senso comum e nos leitores que buscam mais do que manchetes.
Mino não foi apenas um jornalista. Foi um pensador, um provocador e, acima de tudo, um defensor da liberdade. Sua vida e obra continuam a inspirar quem acredita que o jornalismo é, antes de tudo, um ato de resistência.
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